Em diversas propagandas da mídia a felicidade é algo a ser conquistado, comprado e temos que nos esforçar muito para alcançá-la. A felicidade em nossa cultura é sempre retratada como algo fora de nós e é culpa nossa se não a atingimos. Ela aparece na promessa da conquista de um emprego, dinheiro, bens materiais ou em uma pessoa.
Mas como podemos sermos felizes se a felicidade está fora de nós?
Durante nosso processo educacional aprendemos diversas disciplinas em nosso currículo. Aprendemos Ciências Exatas, Biológicas, Sociais dentre tantas outras que, em teoria, nos serviriam para que pudéssemos nos desenvolver enquanto pessoas. Entretanto todas estas são voltadas ao nosso externo, de modo que nosso mundo interno passou a ficar subdesenvolvido, fato este é que não faz parte de currículos escolares uma educação emocional.
A proposta de sala de aula clássica é colocar os alunos sentados, com o corpo aprisionado durante horas, focando exclusivamente para o pensar, não o sentir. E assim levamos este aprendizado para a vida, que precisamos pensar para sermos felizes. Mas como podemos ser felizes se não sentimos nosso corpo, nossas emoções?
Vemos o reflexo disto em uma sociedade que consegue produzir inúmeros bens materiais, mas repleta de crises existenciais e sofrimentos que há milênios não conseguimos resolver.
Quando não podemos expressar nossas emoções, elas ficam armazenadas em nosso corpo através de tensões musculares crônicas, que causam diversos problemas de saúde. Logo, se apenas pensamos não prestamos atenção como estamos nos sentindo.
Quando estamos fazendo algo por obrigação, tendemos a nos dividir. Parte de nossa está ocupada realizando a tarefa e a outra metade divagando em pensamentos que tornem o momento presente mais suportável, como por exemplo em grandes engarrafamentos, costumamos ouvir músicas ou qualquer outra atividade que faça o tempo passar mais rápido.
Onde está nosso foco está nossa energia. Onde está nossa energia está nossa vida, nossa vitalidade. Logo, se estamos fazendo algo e estamos desvinculados do momento presente, pensando no que outros vão achar ou preocupados com o que vai acontecer ou que o que aconteceu; não estamos no agora. Estamos divididos. Não é possível que sejamos felizes se estamos pela metade.
Vivemos em uma sociedade que construiu uma maneira de pensar através da dualidade. Tudo é avaliado entre as polaridades de bom e mau, certo e errado, alegre e triste, melhor ou pior etc. Viramos uma sociedade que é viciada em alegria e fóbica com o medo e a tristeza. Desta forma desvalorizamos a real função dos sentimentos ditos negativos, focando apenas nos positivos.
Conhecer a si mesmo é uma maneira de integrar todas as nossas partes, pois nossa história pessoal é repleta de momentos alegres e tristes; e todos foram importantes para chegarmos até este momento. Querer apagar os momentos tristes é também apagar nossos maiores aprendizados.
Ao avaliarmos a tristeza como algo puramente negativo, começaremos a evita-la. Não veremos que ela também nos traz muitos aprendizados e compreensões mais amplas de nós mesmos.
Através do autoconhecimento podemos aprender mais com nossas experiências e passar a gostar de nós mesmos. Somos a única companhia que teremos pro resto da vida. Tudo o que vivemos, pensamos, sentimos e experimentamos desde o momento de nosso nascimento foi só para nós. Logo, ninguém mais pode nos fazer feliz além de nós mesmos.
Somente temos medo daquilo que não conhecemos. Autoconhecimento nos possibilita ampliar nossos recursos pessoais para lidarmos com nossos próprios medos e desenvolver o amor por si próprio do jeito que é.
Quando há algo em nós que não aceitamos, não estamos nos amando e não é possível sermos felizes sem nos amarmos.
Somos todos diferentes, logo a felicidade se expressa de forma diferente em todos nós. A relação entre autoconhecimento e felicidade é a capacidade de nos aceitarmos do jeito que somos, pois só podemos ser felizes do nosso jeito, com o nosso jeito, da forma única que somos.
Não precisa estar tudo bom para estar tudo bem. Não precisamos resolver todos nossos problemas para ficarmos em paz conosco. Pelo contrário, ficar em paz com nosso próprio jeito de ser é o melhor começo para resolvermos o que quisermos. Não podemos depender de fatores externos para nos fazermos felizes. Desta forma, podemos ver que a felicidade é uma escolha, um ponto de vista, um princípio de partida quando olhamos para nossas vidas.
E aí, que tal começar a ser feliz neste momento?